A História da Tatuagem

A tatuagem é uma prática muito antiga, datando, comprovadamente, da Eurásia desde o período Neolítico. “Ötzi”, o homem de gelo descoberto congelado nos Alpes, ostenta tatuagens terapêuticas pequenas linhas paralelas ao longo da coluna lombar e das duas pernas) – as análises feitas do carbono 14 pela comunidade científica levam a crer que ele morreu por volta de 3500 a.C. Também no Egito, foram encontradas, perto de Tebas, três múmias de mulheres com tatuagens nos braços, pernas e tronco, que datam de 2000 a.C.
A arte da tatuagem, portanto, é uma arte antiga, que as civilizações usavam para variados fins. Herodes, historiador romano do século III, escreveu: “Os bretões tatuavam seus corpos com pinturas variadas e figuras de animais de toda sorte. Eis porque eles não se vestiam: para não esconder seus desenhos corporais”. O judaísmo, por sua vez, proibiu o entalhado e a marcação com tinta na pele (Levítico 19.28 diz: “Não façam (…) tatuagens em si mesmos. Eu sou o Senhor.”
Por causa das convicções judaico-cristãs, a tatuagem passou a ser reprovada, durante muitos anos, na cultura ocidental, o que acabou por causar o seu “esquecimento” pelos séculos. Somente no século XVIII que os europeus redescobriram essa arte, durante explorações no Pacífico Sul com o Capitão James Cook.
Foi então que os marinheiros começaram a utilizá-las, sendo identificados por essas marcas até depois da Segunda Guerra Mundial. Eles costumavam tatuar cruzes nas costas a fim de que, se fossem ser castigados ou punidos, os acoites não pudessem atingir a imagem sagrada (espertos, não?).
Antes de existirem os registros por foto, as tatuagens eram utilizadas, também, para a identificação dos suspeitos pela polícia – até o século XIX, os arquivos policiais continham a descrição das tatuagens que os suspeitos tinham pelo corpo, visando facilitar o reconhecimento de um indivíduo em caso de crime.
É a partir do século XX que a tatuagem começa a se democratizar. Estrelas do esporte e do rock começam a fazê-las e ostentá-las em público. As marcas que, antigamente, serviam para identificar uma tribo ou grupo restrito de pessoas agora passam a ser vistas como sinal de originalidade e personalidade.
O que antes demarcava um prisioneiro ou um escravo e era feita, muitas das vezes, contra a vontade, hoje em dia, é feita como meio de expressão.
O que muita gente não se dá conta, no entanto, é que as tatuagens também são usadas na área médica, para demarcar uma área a ser tratada por radioterapia; também são utilizadas na identificação de animais (vide uma criação de gado) – ainda que a tatuagem artística, em animais, seja frequentemente proibida pelas leis que os protegem.
Independentemente das razões que levam uma pessoa a fazer uma tatuagem, é muito importante manter em mente que a tatuagem é uma mudança permanente e quase indelével – já que a remoção de uma não costuma ser uma tarefa de tão fácil execução quanto sua feitura (além de ser, em geral, muito mais cara!). Então, para que não haja arrependimentos, é muito importante que se juntem a vontade e a certeza de querer ostentar uma pelo corpo.